Uma situação em que um dos cônjuge pede, por exemplo, ao outro: "Me ame", mas seu medo de ser abandonado faz com que ele, ao mesmo tempo, tema ser amado - tanto que, em plano não-verbal, ele pede também para não receber esse amor. Seja como for, a reação do outro membro do casal só pode ser a incapacidade de atender a esse pedido, pois só tem possibilidade de responder a apenas um nível .

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O marido desejava "agradar à sua esposa", a qual, por sua vez, o acusava de "nunca ter cuidados para com ela". Ora, por razões ligadas ao mesmo tempo à sua própria história, cada membro desse casal pedia ao outro algo que julgava impossível de obter. O marido queria que sua esposa "ficasse satisfeita com ele" sem, no entanto, acreditar que isso pudesse se realizar. A esposa desejava que seu marido "cuida-se dela", sem acreditar que ele pudesse chegar a fazer isso.

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Fossem quais fossem os níveis de reação desse casal, as formas de comportamento tanto de um como de outro só poderiam fazer com que ambos ficassem insatisfeitos. Cada um parecia corroborar a construção de mundo do outro, cada qual evitando que o outro se confrontasse com as terríveis consequências do duplo vínculo em que se via preso, ou seja, que descobrisse que somos prisioneiros, cercados por muralhas para cuja edificação nós mesmos concorremos e sempre acabando por perder aquele ou aquela que se figure como carcereiro.

Virginia Satir

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